edição de um poema de 2018
Queria por um momento
que a pele da serpente
se invertesse
com o mundo,
que o ar me ligasse
a escamas viscosas
beijando
em todos os lábios dos poros;
que o ar me mordesse
em cada textura escondida,
que fosse
muito menos sutil.
Pervertam as mônadas
em gordas
escamas de atrito
para que a cobra converta,
inverta seu dentro no fora,
e o ar
que nos liga em soltura
se lote
suado
dos pulsos e músculos seus.
Rajadas de vento
no máximo tangem o bafo.
É frio em contraste
com nosso desejo.
Conquistar nas venturas
calor carnudo de apertos
das duras paredes
de um corpo curvo
que esgote
o espaço.