21/01/22

um trago esperando na rua

edição de um poema de 2018

 

Queria por um momento
que a pele da serpente
se invertesse
com o mundo,

que o ar me ligasse
a escamas viscosas
beijando
em todos os lábios dos poros;

que o ar me mordesse
em cada textura escondida,
que fosse
muito menos sutil.

Pervertam as mônadas
em gordas
escamas de atrito
para que a cobra converta,
inverta seu dentro no fora,
e o ar
que nos liga em soltura
se lote
suado
dos pulsos e músculos seus.

Rajadas de vento
no máximo tangem o bafo.
É frio em contraste
com nosso desejo.

Conquistar nas venturas
calor carnudo de apertos
das duras paredes
de um corpo curvo
que esgote
o espaço.

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